Análise - Crow Country
Atualizado: 7 de fev.

O ano é 1990, já se passaram dois anos desde o desaparecimento misterioso de Edward Crow e o abrupto encerramento do seu parque temático, Crow Country.
Dos seus portões abandonados aproxima-se Mara Forest, uma jovem acompanhada pela sua arma de fogo.
Diretamente inspirado por clássicos do gênero Survival Horror como Silent Hill e Resident Evil, Crow Country imbui uma vista isométrica com gráficos de baixa fidelidade e uma atmosfera macabra.
História
Mara Forest, uma agente especial, está a investigar Crow Country, um parque de diversões rural abandonado perto de Atlanta, Georgia.
Fechado há dois anos atrás, o seu dono, Edward Crow, desapareceu misteriosamente e Mara procura agora por ele.
Ao investigar Crow Country, Mara encontra Arthur Mole, um fotografo paranormal, ferido, que lhe avisa sobre criaturas perigosas.
Várias criaturas semelhantes a zombies ou pior estão espalhadas pelo parque e através de notas e ficheiros encontrados durante o jogo Mara descobre a natureza destas criaturas, chamadas de Guests, e o segredo que o parque esconde.
Aprendemos também a razão pelo encerramento do parque- devido a segurança incompetente, uma rapariga de 15 anos entrou numa área fechada ao publico e foi gravemente ferida.
A polemica que se seguiu forçou o parque a fechar.
Mara encontra eventualmente mais personagens ao longo da sua jornada pelo parque, incluindo um policia, uma advogada e... um cogumelo, ou 4.
Tentar explicar melhor a historia resultaria inevitavelmente em Spoilers, e embora esta não seja exatamente a mais inovadora ou marcadora num jogo de terror, é ainda interessante e conta com boas revelações e reviravoltas.

Ironicamente, o maior problema da historia, é que é clarificada demasiado bem- deixando de parte o mistério e até os temas supernaturais que, embora sejam bizarros, acabam por ser digeríveis demais. Não deixam o suficiente para a imaginação.
As revelações são boas, nada fora do normal, e acredito que com uma execução diferente mais pessoas estariam a debater os seus segredos.
Gameplay
Mesmo olhando de relance são imediatamente reconhecíveis as inspirações que foram aqui tomadas, principalmente da franquia veterana de terror da Capcom, Resident Evil, desde o indicador de saúde e a fotografia da personagem, ao inventário e movimento.


Porem a câmera é ligeiramente diferente, não é fixa mas também não é completamente livre, sendo isométrica e tendo como ponto fixo a cabeça da personagem, rodando sobre esta num eixo horizontal.
O movimento é simples, com orientação direcional relativa à câmera e apenas com um botão de sprint, o que incentiva desviar e fugir de lutas desnecessárias como é comum no gênero de Survival Horror.
Mas isto poderá mostrar-se uma desvantagem a longo termo.

Evitando Spoilers o máximo que consigo, ao longo do jogo as áreas principais de navegação mudam, lentamente enchem-se de inimigos e armadilhas dependendo da progressão ou podem até ficar vazias dependendo de certas escolhas, mas só por um tempo...
A exploração é o ponto principal e maior forte de Crow Country, com um grande ênfase na resolução de puzzles, a procura de itens consumíveis como munição e curandeiros, e mais importante- itens de progressão como chaves, cartões ou outros objetos que servem para abrir portas, portões, portinholas, escotilhas, cofres ou conduzir um pato de plástico numa piscina.
Os puzzles não são nada demais, e normalmente resumem-se a ter o item certo para progredir, ou interagir com um objeto na ordem correta.
Não digo isto como um ponto negativo- a simplicidade e pureza deste sistema faz deste jogo um excelente ponto de entrada para iniciantes do género, sem alienar ou aborrecer completamente jogadores veteranos.

O sistema de combate é igualmente inspirado em Resident Evil, mais especificamente Resident Evil 4, que contava com um sistema de mira livre com vista em terceira pessoa por cima do ombro ao contrário da mira automática de jogos anteriores.
Conta claro com a clássica frustração de movimento limitado durante a mira, o que faz bom posicionamento absolutamente crucial.
Munição é bastante comum, incluindo granadas que são uteis em secções mais tardias do jogo onde inimigos começam a acumular e existem também melhorias secretas não só para as armas mas para a própria Mara, escondidas atrás de puzzles opcionais.
Som e Visuais
A banda sonora é saída dos anos 90- melodias e arpeggios compostos de instrumentação Midi ou faixas de ambiente. É competente e agradável, mas é tudo o que realmente se pode dizer; se tivesse de escolher um destaque, seria a faixa An Act of Mercy.
Um ponto que não é necessariamente negativo, mas podia fazer um mar de diferença, é um design sonoro mais apelativo- talvez esteja mal habituado com outros jogos de terror que criam uma atmosfera aterradora só com o som, mas acredito que podia ter sido melhor.
Os visuais são interessantes- propositadamente de baixa fidelidade e baixo numero de polígonos, embora os modelos de personagens mais cilíndricos não se assemelharem ao já estabelecido tema visual fortemente inspirado em jogos da Playstation 1.
A ambientação é excelente embora a maioria dos locais estejam iluminados demais, tirando grande parte da tensão de explorar um parque abandonado.
É um excelente Indie de terror, e por 20€ diria que é algo que todos os fãs de Survival Horror são capazes de gostar, mesmo não sendo nada revolucionário.
História: 6.5
Gameplay: 8
Visual: 7.5
Audio: 6
Nota Final: 7
Comprem Crow Country na Steam, PS4/5, Xbox Series S/X ou Switch.
Texto e Edição: André Araújo
Originalmente publicado em Dangan Magazine #4 2024